terça-feira, 26 de junho de 2012

Filme: Meia-Noite em Paris

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Gil (Owen Wilson) é um roteirista de Hollywood que está prestes a se casar com sua noiva Inez (Rachel McAdams). Os pais de Inez vão a Paris a negócios, e o casal decide acompanha-los.  
Gil sempre foi fascinado pelos grandes escritores americanos, e como trabalhar com roteiros não o está fazendo tão feliz ultimamente, apesar de ser uma profissão com boa remuneração, ele quer seguir outro rumo, ele quer ser escritor, um bom, como aqueles a quem ele sempre venerou.

Estar na Cidade da Luz faz com que o desejo de Gil, de mudar o rumo que a sua vida está tomando, se torne cada vez mais forte. 
Seu sonho era poder ter vivido nos anos 20, quando grande parte de seus escritores e artistas favoritos viviam como pessoas normais circulando pelas ruas de Paris. E, incrivelmente, em uma noite caminhando meio bêbado pelas belas ruas de Paris, Gil realiza seu sonho. E quando se da conta do que esta acontecendo, esta cara a cara com F. Scott Fiztgerald um de seus escritores favoritos dos anos 20.

Gil passa a viver seus dias criando expectativas para a noite. Toda noite á meia-noite ele vai para Paris dos anos 20, conversa e convive com F. Scott Fiztgerald, Ernest Hemingway, Pablo Picasso e Salvador Dalí. Durante o dia Gil começa a reescrever partes de seu livro, dedicando seu dia a isso para que a noite ela possa conhecer a Paris que sempre sonhou.

Meia-Noite em Paris é um filme bonito. O cenário é perfeito e consegue tornar tudo incrivelmente mais belo do que já é. A base que o filme tem com todos os escritores/pintores (artistas em geral) é ótima para aprofundar razoavelmente a questão das artes, tornando os diálogos inteligentes sem serem exaustivos.

A fantasia inserida no filme é perfeitamente aceitável, uma vez que o Gil volta para a década de 20 e mesmo assim as coisas continuam seguindo seu rumo no tempo real sem nenhuma alteração drástica, essa mudança temporal totalmente aceitável sem nem mesmo parecer fantasia algumas vezes.

O filme ainda traz um leve romance inserido da melhor forma visivelmente possível. Gil está noivo de Inez, de forma resumida, uma mulher chata. E na década de 20 conhece Adriana, que serviu de inspiração para um famoso quadro de Picasso do mesmo período, bela, romântica e que o compreende, ou tenta compreender, da melhor maneira que pode.

Um filme leve com uma carga cultural equilibrada. É possível sentir os ares de Paris ao nosso redor enquanto assistimos ao longa de Woody Allen. É agradável, sem exageros, simplesmente adorável. Com um ótimo elenco que se enquadra perfeitamente na longa em geral, é quase impossível não se sentir em Paris ao assisti-lo. 


Título Original: Midnight in Paris
Direção/Roteiro: Woody Allen
100 minutos - Comédia/Fantasia/Drama
Elenco: Owen Wilson, Rachel McAdams, Tom Hiddleston, Adrien Brody, Kurt Fuller, Mimi Kennedy.
Avaliação: 3,5 / 5,0

sábado, 23 de junho de 2012

Livro: Delírio

3 comentários
Livro: Delírio (Livro #1)
Autora: Lauren Oliver
Editora: Intrínseca
Páginas: 352


Sinopse: Muito tempo atrás, não se sabia que o amor é a pior de todas as doenças. Uma vez instalado na corrente sanguínea, não há como contê-lo. Agora a realidade é outra. A ciência já é capaz de erradicá-lo, e o governo obriga que todos os cidadãos sejam curados ao completar dezoito anos. Lena Haloway está entre os jovens que esperam ansiosamente esse dia. Viver sem a doença é viver sem dor: sem arrebatamento, sem euforia, com tranquilidade e segurança. Depois de curada, ela será encaminhada pelo governo para uma faculdade e um marido lhe será designado. Ela nunca mais precisará se preocupar com o passado que assombra sua família. Lena tem plena confiança de que as imposições das autoridades, como a intervenção cirúrgica, o toque de recolher e as patrulhas-surpresa pela cidade, existem para proteger as pessoas. Faltando apenas algumas semanas para o tratamento, porém, o impensado acontece: Lena se apaixona. Os sintomas são bastante conhecidos, não há como se enganar — mas, depois de experimentá-los, ela ainda escolheria a cura?.  

Poderia, talvez, descrever Delírio com uma única palavra: previsível.   
Porém, felizmente eu posso descrevê-lo com bem mais que uma palavra, logo, poderei tentar explicar o porquê, de certa maneira, eu me decepcionei com o livro que eu achei que iria gostar tanto. 

Fiquei com vontade de ler Delírio desde da primeira vez que o vi. Ele nem estava com previsão de lançamento aqui no Brasil ainda, cheguei até cogitar lê-lo em inglês, mas então, veio a boa noticía de que seria lançado aqui pela editora Intrínseca. Me animei no mesmo instante que soube, e após o lançamento, comprei o mais rápido que pude. Mas infelizmente, acabei me decepcionando com a estória.

Na distopia de Delírio os cientistas identificaram o amor como uma doença, na verdade, um dos piores maus da humanidade, e após um tempo de o classificarem como doença, acham a cura para o amor delíria nervosa, ou simplesmente amor. Após a cura ser descoberta todo cidadão, ao completar 18 anos, deve passar pela intervenção para receber a cura e finalmente poder ficar livre dos perigos que o amor  delíria nervosa pode trazer.

Agora, tente imaginar um lugar sem amor. Para mim é impossível imaginar um lugar onde o amor não existe, levando em consideração que o amor é o sentimento base de quase todos os outros sentimentos bons, e até mesmo alguns ruins, que sentimos. Em Delírio, vemos que uma sociedade sem amor se torna fria, desprovida de qualquer forma de expressão e obediente até a morte ao governo sem se questionar o motivo de ter de ser assim.

É difícil viver sem amor, e é mais difícil ainda viver cercado por pessoas que não sentem nada.

Delírio é, basicamente, o que você leu na sinopse. 

Acredito que o ponto alto da estória seja a sociedade que a Lauren Oliver criou. A ideia de governo que ela criou realmente funciona muito bem. A censura, toda limitação para que ninguém seja infectado parece ser quase impenetrável.  Porém apesar de todo cuidado do governo para livrar a sociedade da doença há simpatizantes - que são as pessoas que vivem na cidade, de certa forma infiltrados, e fingem concordar com as regras e aceitar a cura, e há os inválidos - que são os que não aceitaram o conceito do amor como doença e fugiram para florestas ou nasceram lá; se essas pessoas forem capturadas elas vão para prisão perpétua ou são mortas.

Dentro desta sociedade conhecemos a Lena, que tem 17 anos e conta os dias para sua intervenção, quando finalmente poderá viver sem precisar se preocupar com a doença. Lena mora com seus tios, pois seu pai morreu e só conheceu sua mãe no início de sua infância, pois apesar de sua mãe ter passado pela intervenção três vezes, não conseguiu ser curada e isso acabou a levando a morte. Por esse motivo Lena tem receio que ocorra algum problema com sua intervenção, e deseja ser curada logo. Lena tentar seguir a risca as regras do governo para que não aja nenhum problema na sua avaliação, ela tenta fazer tudo corretamente para tentar entrar em uma boa faculdade e ser pareada com alguém normal. (Apesar de o amor ser considerado doença, as pessoas ainda precisam se casar. Compreensível.) 

Porém, o inesperado (ou esperado mesmo) acontece, e Lena conhece Alex. (Bom, é de se imaginar que a partir do momento que o amor é considerado uma doença garotos e garotas (não curados) convivam separadamente, logo, Alex é o primeiro garoto que a Lena realmente conhece.) Não muito tempo depois deles se conhecerem de uma maneira um tanto esperada Lena descobre que esta apaixonada. E fim. O livro poderia acabar aí.

Sem exagero algum. O livro começa num ritmo até legal. E depois eu senti ele empacar no romance da Lena com o Alex. Ficou meio meloso e até chatinho. A partir daí minha leitura se tornou um pouco arrastada. Quando eu achava que aconteceria algo... não acontecia. E ficou assim por um tempo. Quando eu voltei a me empolgar com a leitura o livro acabou.

A sociedade criada é boa. Mas passei boa parte do livro sentindo que estava faltando algo que só encontrei no último capitulo. Algumas coisas foram tão previsíveis que eu estava começando a achar que tinha adquirido o dom da premonição. 

Mas não posso dizer que eu não gostei do livro. Eu até gostei. Mas acho que meu maior erro foi criar muitas expectativas. A estória é legal, mas só isso. Infelizmente para mim não foi nenhuma novidade. Não pude deixar de comparar muitas algumas coisas com Feios. Uma das coisas que eu mais gostei no livro foram as citações ao Shhh – Suma de hábitos, higiene e harmonia –  leitura obrigatória que esclarece e ressalta os perigos do amor deliria nervosa.

Em geral, a ideia do amor como uma doença é totalmente aceitável. Em algumas descrições no livro você para e pensa: "nossa, isso realmente parece uma doença". E apesar de ver bastante semelhanças com outras obras, não nego que a ideia foi até original. Mas para mim o que falhou mesmo foi o enredo. De qualquer forma, e apesar dos pesares, eu gostei do final, e quero ler Pandemonium, que é o segundo livro da, até agora, trilogia, e já está sendo divulgado nos EUA.